Ofereça apenas uma carta onde escreveu e explicou o seu amor, admiração ou amizade pela outra pessoa.Tenho a impressão que este ano finalmente vamos ter um Natal como deve ser. Exactamente pela falta de liquidez existente em Portugal.
O Natal para mim, desde o meu primeiro casamento deu-me sempre problemas. E muitos
mixed feelings.
Nasci numa família cujo chefe era o avô materno. Dizia-se
hereje. Não queria
nada com padres nem igrejas. Lembrava sempre o
horror da Inquisição. Dizia também que tinha visto
demasiadas vezes
demasiadas pessoas morrerem por saberem quem eram os avós delas.
O que até era certo para alguém que nasceu em 1885 e atravesou mais de metade do conturbado século XX. Os meus pais tiveram de se casar pelo civil numa época em que isso era muito mal visto. Depois casaram-se na Igreja às escondidas . Eu também fui baptizada às escondidas. E só soube disso depois da morte do avô, aos meus 17 anos.
Todavia cada um respeitava as crenças uns dos outros. Dentro do possível numa época de ditadura.
Pelo Natal não se comia
peru, pois ninguém gostava de
uma carne tão seca.
-Fica melhor se o embebedarmos mas coitadinho do peru. É uma tortura!
Se é para matar que se despachem a fazê-lo. Não o torturem antes!O
bolo-rei também era rejeitado por demasiado seco. Comiam-se outros bem melhores, salvo no dia de reis. A avó Natividade tinha sempre deliciosas filhoses algarvias e outros doces algarvios para distribuir por todos os filhos.
O pai era muito católico como toda a sua família. Só ele tinha a pachorra de ir, ao frio, para a missa do galo. Eu e a mãe fomos uma vez para ver como era e chegou. Voltamos a ir à do meio dia.
A mãe não se queria massar com estes assuntos e fazia o que lhe apetecia. Mais católica ou menos, dependendo do dia. Tinha apenas o cuidado de não ofender susceptibilidades.
Eu lá ia crescendo. Com presentes no sapatinho nas manhãs de dia de Natal e saborosos mas discretos almoços de
perna de borrego assada como tantos outros dias. Porque os jantares eram sempre frugais, fosse que dia fosse.
Como vê nasci, também, numa família muito sábia em termos de saúde. Talvez daí a minha profissão.
A minha primeira suspeita do
disparate natalício tive-a só na universidade. Foi assim: uma colega de Belas Artes, que já ensinava numa escola, mostra-nos um boneco completamente inútil, feio, de um material ridículo, que uma colega lhe tinha dado. E ela considerava aquilo uma prova da amizade! :-0
Pensei
mas estas pessoas que recebem o 13º mês, podiam gastá-lo em algo bom, mas desperdiçam-no distribuindo estas cangalhadinhas inúteis!Depois casei-me. E os Natais eram uma aflição anual. Um exagero de comida e de presentes que não tinham nada a ver comigo. Eu passava toda a época natalícia enjoada com tanta comida. Levava meses a recuperar a saúde, depois daquela loucura.
Divorciei-me. Mas havia sempre convites a que não podia dizer não. Só em Itália voltei a ter um Natal descansado. À meia noite cantava-se uma cantiguinha e punha-se a imagem do menino nas palhinhas do presépio. Perante as crianças encantadas. E pronto.
Presentes eram só pela velhinha
Befana, no nosso dia de Reis.
Voltei a Portugal e voltou o problema dos exageros natalícios. Eu passava o ano inteiro sem comer "asneiras" e depois ... sequelas durante 4 meses.
Agora parece que
esta eterna crise trouxe uma coisa boa. Acabar com o disparate das comezainas e compras inúteis. Que semanas depois ficarão por metade do preço.
Armadilhas da sociedade de consumo.
Que tal
oferecer às pessoas importantes para si apenas uma simples carta?
Contudo uma carta onde lhe diz o quanto e porque é que ela é importante para si. Explicar-lhe o que sente, (o que sentimos é sempre certo e a única forma de contactarmos objectivamente com o mundo exterior) além de talvez, umas sugestões de como pode a vossa relação melhorar.
Claro que é apenas do seu ponto de vista pessoal. Negociável.
Ofereça amor e ou amizade escrito numa simples folha de papel.
Ou num email. ;-)