Também lá vivem uns de 3 caudas; mas os infelizes nadam de uma forma muito desajeitada. Isto de deformar animais para os tornar engraçados é mesmo um absurdo.
E então um desgraçado de um peixe preto, com olhos telescópicos e muitas caudas, este vê-se e deseja-se até para fazer coisas simples e vitais como comer e nadar. Por isto é que devem morrer muito mais rápido do que todos os outros. Nunca mais volto a comprar nenhum. Apesar do feng-shui os recomendar.
O pobre bicho há bocado nem uma lentilha de água conseguiu que lhe entrasse na boca depois de muitos esforços. Os outros peixes abrem a boca e entram logo meia dúzia de lentilhas que são prontamente engolidas. Este passa o dia a abrir a boca à superfície da água. Deve comer qualquer coisa invisível para mim. Sei é que todos os outros cresceram para o dobro logo no primeiro mês e este há meses que por alí anda e sempre do mesmo tamanho.
Na verdade tem uma cauda que parece uma crinolina do século XVIII.
Porém a boca mal se abre. Mantém sempre o ar de menino a fazer beicinho. Que só deve ter muita graça para o aprendiz de feiticeiro que o criou.
O bom de tantos peixes é que já quase não tenho mosquitos.
Nas lojas onde os fui comprando queriam sempre vender-me rações. Mas isto é um lago em permacultura e que vive segundo a lei do menor esforço. Têm até comida demais.
Ainda esta manhã tive de andar a retirar plantas aquáticas para compostar. Senão nem a água se via. E eles passam os dias a pastar por baixo da camada verde que sobrenada.
Ontem encontrei um peixe a boiar. Morto. Retirei-o e vi que tinha um arranhão ao lado da barbatana peitoral esquerda. Os gatos andaram à caça durante a noite e apesar de não o terem conseguido comer deixaram-no ferido até que morreu. Já não acontecia isto há muitos meses.
Tenho de voltar a enxotar vigorosamente os gatos, lindos e de guiso, que gostam de usar o meu jardim como território de caça. E retrete seca também...
Estava a gostar tanto de os ver a dormir pelas sombras durante a tarde.
Além de que eles adoram comer rãs e eu só consegui trazer uma. A qual fez com que desaparecessem quase todas as lesmas que por ali andavam.
Quanto à vida emocional e romances dos peixes é que ainda não descortinei nada de interesante. Lamento esta lacuna emocional no big brother do meu lago.
Bem, agora me lembro de um episódio. Passo a contar.
O maior peixe encarnado não tem grandes barbatanas ondulantes. Não lhe acho grande interesse quando aparece no meu angulo de visão. Ora este bicho, há uns meses, ficou muito lento e gordo. Parecia um submarino. Andava sempre com peixes atraz dele a perseguirem-no. Davam-lhe cabeçadas na barriga. E eu sem perceber nada de tanta agressividade em tão calmos seres.
Entretanto há 2 semanas descobri alevins muito pequeninos. Foi assim que me lembrei que o tal peixe lento, gordo e feio tinha emagrecido. Já sei que tenho uma fêmea, pelo menos.
Publiquei também a foto dos dois protagonistas. Vale a pena amplia-las.
Bem... esta história tem tantas emoções tumultuosas como as têm os peixes...
Quanto ao nenúfar foi a única flor no meu jardim que atraiu a visita de uma abelha. Até a consegui fotografar pousada nela. Noutro dia publico-a.
Agora vou lá para fora. A rã vai assustar-se. E saltar para a água do alto da rocha ou do cimo de uma folha de nenúfar, onde estava a apanhar sol. Depois fica a espreitar-me, escondida entre os jacintos de água.
E eu na minha contemplação, olho embevecida para os animais e as plantas do meu lago.
É que o nenúfar tem um botão a crescer, ainda dentro de água e uma nova folha que se está a abrir... ;-)