terça-feira, 19 de julho de 2005

Cinema que vale a pena!


Adoro cinema!
Sempre adorei.
Mas de há uns anos a esta parte tenho evitado frequentar estas salas.
Evito-as pelo constante valorizar da selvagem "lei do mais forte".
Já reparou que os "bons" são apenas "os mais fortes" e não os mais sábios ou seres capazes de sentimentos de amor ou compaixão?
Além do potencial de Magia Negra que a maioria dos filmes contém. E lembre-se que a definição de magia negra mais simples é: "tudo o que provoque medo". ;-)

Com os recentes acontecimentos recordei os tempos do antes e do depois da nossa Revolução dos Cravos.
Antes cheguei a ir a França quase só para ver cinema livremente. Também visitei museus, vi monumentos, comprei jeans, t-shirts em batik e túnicas indianas, que cá não havia.
No pós-25 de Abril de 1974 chegaram-nos em catadupa, todos os filmes que tinham sido proíbidos ou mutilados pela censura.
(Então a censura cortava tudo antes de publicação e podiamos culpar os censores de tudo o que quizessemos.)
E nós passavamos horas infinitas a ver filmes chatíssimos, com umas histórias de grande sofrimento. Um filme francês, creio que do Lelouch, durava mais de 4 horas!
Os do sueco Ingmar Bergman eram duma neura e tormento infinito.
E nós víamos aquilo tudo disciplinadamente.
Na verdade nós, universitários de então, não tínhamos nada na vida com que nos chatear e lá íamos à procura destes horrores!
Para variar.
Recordo só 4 filmes dessa época. Franceses, por sinal.
Dos "La Grande Boufe" e "O último tango em Paris" recordo os nomes e a péssima vibração.
Mostravam gente baralhada, que tendo perdido os exagerados limites que lhes tinham sido impostos até então, estavam perdidos na vida e com comportamentos autodestrutivos, doentios e aberrantes. Os quais nos pretendiam ser impingidos como "A Liberdade".
Mas dos melhores filmes dessa época não recordo o nome.
Um era a história de 4 ladrõezecos que se tinham reciclado em actividades políticas. perguntavam-lhe "então agora o que é que fazem?" e a resposta era mais ou menos assim:
---"Pomos bombas ou fazemos atentados por conta da direita em objectivos de direita, para culpar a extrema esquerda. E pomos bombas ou fazemos atentados por conta da esquerda contra objectivos da esquerda para culpar a extrema direita."
Era mesmo muito divertido e inteligente.
Noutro era a história de uma televisão que tinha entrado em autogestão. E pela honestidade que agora exigiam, testavam todos os produtos anunciados no colega detestado. O qual ia aparecendo regularmente ao longo do filme mostrando cada vez mais sinais de degradação física e mental.
Outra comédia inteligente com boa vibração, vinda do cinema trancês.
Se se recordar do título e realizador destes filmes diga-mo, sff.
Quando vou a Itália também aproveito para ver os ultimos filmes. Pois cá quase nenhum chega.

E a minha grande surpresa, quando comecei mesmo a descobrir aquela cultura, foi descobrir que na maioria dos casos os grandes "desarrincanços" dos filmes italianos, (que tanto maravilhavam o nosso grupo de cinéfilos, fiel da cinemateca) não passavam de fieis retratos do quotidiano local.
Mesmo Sordi e Fellini!

Já agora aproveito para mandar um abraço com muitas saudades ao nosso grupo das idas á cinemateca: o Luis Vidal Lopes, o Luis Felgueiras, o Cerejeira e o Loja Neves.
Onde é que a vida vos levou? Por onde andam?

Agora descobri este site que promete cinema com boa vibração:

http://www.spiritualcinemacircle.com/

Também estou a explora-lo ainda. Mas parece-me que vale a pena.
Deus nos abençoe a todos!

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