terça-feira, 31 de janeiro de 2006

Sobredotados.pt

Soube há dias que finalmente a mais importante professora da minha vida encontrou o descanso eterno.
A Dra. Ana Maria Salazar Leite morreu a 21 de Dezembro passado.
Voltaram-me muitas memórias da infância e adolescência.
Apesar de eu, desde os meus 10 anos, nunca ter entendido (seria dos tempos de ditadura?...) a sua ausência de respeito pelos direitos humanos, a sua caótica noção de justiça e os porquês de ela embirrar cruelmente com a minhas colegas "menos ricas", estou-lhe muito grata por me ter facultado os meios que me permitiram acabar o liceu e poder entrar na universidade. Maugrado sendo sobredotada.
Ser
um génio é outra coisa: convencionou-se há poucos anos que são só aqueles que aparecem e alteram o rumo do conhecimento. E são muito raros.
Ainda hoje ter muita inteligência é algo que complica a vida aos portugueses. Ela entendia o meu caso. E eu, em 15 dias estudava a matéria dada durante todo o ano lectivo. Na "passagem" que ela fazia para os alunos atrasados, eu lá conseguia passar de ano dentro dos 12/ 14. Se estivesse numa escola pública certamente não teria acabado sequer o liceu.
Já sei que dos mortos se deve sempre falar só bem... Mas eu sou uma sobredotada, desculpe lá. ;-) Bizarrias nossas.
E aquela frase, do tipo balde de água fria, em que ela banalizou o eu ter sido admitida na Mensa- the High I.Q. Society é bem expressão daqueles tempos cruéis:
-"Pois. Tu e o Jorge Peixinho foram, desde sempre, os meus alunos mais inteligentes."
Podia ao menos ser correcta e primeiro ter-me dado os parabéns! :-(
Este famoso compositor era sobrinho da minha professora de piano: Judite Rosado. Ele visitava a tia e intimidava-me. Achava-o um senhor muito crescido que tinha uma carreira brilhante na música internacional. Tinha eu uns 5 ou 6 anos.
Todavia nunca me agradou a música dele. Hoje acho-a até do pior que há para a saúde, como tanta outra. Mas tem o grande valor ao nível da busca intelectual e artística.
Andei a fazer uma pesquisa na net. Já existem por cá umas entidades que se dedicam a crianças, como eu fui.
Eu não era uma terrorista como muitos hoje. Naquele tempo não havia lugar para terroristas nas escolas. Tinha de sobreviver!
Era antes uma menina muito bem comportada e socegadinha. Que assistia admirada às agressivas dinâmicas de grupo que iam acontecendo à minha volta. A mim deixavam-me em paz. Tinha tido uma tal reacção quando tentaram meter-se comigo que nunca mais me incomodaram. Até as vítimas das crueldades dos professores ou dos colegas, costumavam aproximar-se de mim, pois sabiam que as deixavam em paz estando comigo.
Achava horrível as cruéis reguadas e ponteiradas. Não gostava das brincadeiras (estava só poucas horas na escola portanto podia brincar à minha vontade em casa). Mas gostava de trocar ideias. Então as partidas achava-as apenas um mero e cruel abuso de poder. Completamente idiota.
Se contavam algo credível de forma credível porque é que troçavam se alguém acreditasse na história inventada? Ou porque troçavam se alguém se assustava por lhe pregarem um susto? Qual é o gozo de magoar ou de fazer sentirem-se mal as outras pessoas por serem como são?
Claro que com estes princípios escolares... eu tinha de me vir a interessar pelos direitos dos humanos e dos animais.
Nos livros que li sobre sobredotados revi-me. Especialmente no meu desinteresse pelas escolas. Reconfortou-me saber que na maioria preferimos estudar sozinhos. Ser autodidatas. Na verdade eu prefiro estudar com mestres a ser autodidata. Ainda hoje prefiro sempre estudar apaixonada e exaustivamente qualquer assunto que me interesse. Se quero aprender sobre algo procuro informação. Fico dias ou semanas ou meses ou anos a estudar até apreender o padrão dominante. Um padrão que se aguente, seja o assunto tratado de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou de esq para a drt ou viceversa. Assim dou-me por satisfeita. Consegui chegar à essência da coisa. Já esgotei aquele assunto e portanto posso dedicar-me ao próximo que me interesse.
Quando leio aquelas perguntas de qual o seu livro de cabeceira ou o seu autor preferido... eu teria mesmo muita dificuldade numa resposta. Escolho os livros pelo assunto. À noite vou à estante e escolho 5, 10 ou 15 livros sobre o assunto que me interesse. Depois chego a ler dois ou três livros numa noite. Consulto outros. Sublinho todos para da próxima vez bastar-me ler os sublinhados. Compro outros livros. Quando visito alguém procuro sequiosamente nas estantes livros sobre estes assuntos. Vou a bibliotecas. E para finalizar falo com especialistas nos assuntos, para tirar dúvidas e arrumar bem as ideias. Além de fazer as pesquisas na net. Mas que não são muito de fiar, diga-se em abono da verdade.
Parece que o maior desafio dos professores é mesmo serem capazes de fornecer suficiente informação para o sobredotado se manter interessado na aprendizagem.
E tem de ser o interesse do sobredotado a guiar os estudos.
Mas parece que continuam a não existir leis adequadas que nos facultem a oportunidade de saltar anos ou entrar para a universidade muito jovens. Nem uma Mensa Portugal existe! Devemos ser um dos poucos no 1º mundo e o único país da Europa em que isso acontece. Sintomático.

8 comentários:

Anónimo disse...

Do Pretty People Earn More

Studies show attractive students get more attention and higher evaluations from their teachers, good-looking patients get more personalized care from their doctors, and handsome criminals receive lighter sentences than less attractive convicts.
But how much do looks matter at work?
The ugly truth, according to economics professors Daniel Hamermesh of the University of Texas and Jeff Biddle of Michigan State University, is that plain people earn 5 to 10 percent less than people of average looks, who in turn earn 3 to 8 percent less than those deemed good-looking.
These findings concur with other research that shows the penalty for being homely exceeds the premium for beauty and that across all occupations, the effects are greater for men than women.
A London Guildhall University survey of 11,000 33-year-olds found that unattractive men earned 15 percent less than those deemed attractive, while plain women earned 11 percent less than their prettier counterparts. In their report "Beauty, Productivity and Discrimination: Lawyers’, Looks and Lucre," Hamermesh and Biddle found that the probability of a male attorney attaining early partnership directly correlates with how handsome he is.
Size matters, too. A study released last year by two professors at the University of Florida and the University of North Carolina found that tall people earn considerably more money throughout their careers than their shorter coworkers, with each inch adding about $789 a year in pay.
A survey of male graduates of the University of Pittsburgh found that the tallest students’ average starting salary was 12 percent higher than their shorter colleagues’. The London Guildhall study showed that overweight women are more likely to be unemployed, and that those who are working earn on average five percent less than their trimmer peers.

According to Dr. Gordon Patzer, who has spent over three decades studying and writing about physical attractiveness, human beings are hard-wired to respond more favorably to attractive people. Even studies of babies show they will look more intently and longer at prettier faces.
"Good-looking men and women are generally judged to be more talented, kind, honest and intelligent than their less attractive counterparts," says Patzer. "Controlled studies show people go out of their way to help attractive people - of the same and opposite sex - because they want to be liked and accepted by good-looking people."
This may not sound too pretty to those of us who were dealt a bad hand in the looks department. But don’t rush off to try out for the next round of Extreme Makeover just yet.
Despite what the research tells us, some of the world’s most successful people have been ordinary looking at best, and you would never mistake the faces in Fortune for the faces in Esquire or Entertainment Weekly. Business legends are often of average height (Bill Gates at 5'9½") or even diminutive (Jack Welch, 5'8", and Ross Perot at 5'7"). What’s more, many folks who are lovely to look at complain that they lose out on jobs because people assume they are vacuous or "lightweights."
How does this reconcile with all the research? Hiring managers say it is the appearance of confidence they find attractive, not the presence of physical beauty. And they contend that attractiveness has more to do with how you carry yourself and the energy you exude – rather than having perfect features or a great physique.
According to Gordon Wainright author of Teach Yourself Body Language, anyone can increase their attractiveness to others if they maintain good eye contact, act upbeat, dress well (with a dash of color to their wardrobe), and listen well. Wainright also stresses the importance of posture and bearing and suggests that for one week you stand straight, tuck in your stomach, hold your head high, and smile at those you meet. Based on many such experiments, Wainwright predicts you will begin to be treated with more warmth and respect and start attracting more people to you.

Anónimo disse...

Os autodidatas actualmente são as pessoas mais válidas na nossa sociedade.
Os outros parecem-me uns mafiosos da doutorice.

Maria Afonso Sancho disse...

Cara Magnólia
Gosto do teu pseudónimo e do "boneco".
Obrigada pela sugestão. Antes tive isto assim. Porém dá muito trabalho comentar com esse código. Só o volto a pôr se o ataque for muito grande e só até eles se esquecerem deste blog.
Não dá muito trabalho deitar no lixo um ou outro. E de resto mais que spam são informações curiosas que cá deixam. Desde que não sejam ofensivas deixo-as ficar.
Volta sempre.

Anónimo disse...

“La Sobredotación:¿Ventaja o inconveniente?”
Por el Dr. Luis Bugarin - España
Carlos es un niño de 5 años y medio, que desarrollo mutismo a los 2 años, acentuado notablemente con su entrada en el colegio.
Carlos, y su familia han sido victimas desde entonces de un sistema que desatiende las necesidades educativas especiales, y en consecuencia el equilibrio personal, social y familiar.
Mis dos primeras visitas a su casa me alertaron que estaba ante mucho mas que un niño con un coeficiente elevado: Su ayuda constante a su hermano, su actividad motora frenética, sus dibujos derrochaban imaginación, creatividad,... mis heridas en las manos delataron en el un comportamiento solidario impropio de su edad, mi curación parecía la suya, y una humildad y ganas de compartir sus conocimientos sin alardes de ningún tipo.
En un trabajo conjunto con su madre, Carlos realizo los tests de Weschler y Raven.No fue tan sencillo, necesitamos motivarle hablándole “su lenguaje”, es decir aplicando sus nociones de anatomía, electrónica y demás saberes atractivos para helarlos obtuvo unos resultados contundentes en los tests, puesto que sobrepaso los limites de Weschler , asociado a un C.I. de 145, y llego al ultimo nivel en Raven, teniendo en este test pocos fallos( en los items y primeros niveles, aunque Raven equipara los 5 niveles, con la misma puntuación, y esto debería tenerse en cuenta a la hora de realizar un calibre mas exacto de Carlos, puesto que se debería tener en cuenta que los niños con sobredotacion fallan mas en las tareas sencillas frente a las complejas).Y un C.I. asociado de 155. Pero debemos tener en cuenta los factores que acortan su valor del C.I., como son la fuga de ideas que no se valoran en estos tests muy por el contrario, se penalizan. El test que refleja su puntuación con mayor fiabilidad aun a riesgo de quedarnos cortos, es el Test Internacional con 255 puntos, y su edad mental es de 13 años.
Se deben acelerar a los niños como Carlos porque su adaptación escolar redundara en un equilibrio emocional, personal, social y familiar necesario para todas las personas en su proceso de desarrollo.
Tenemos que reivindicar los derechos fundamentales de todo niño, y para ello debe actuar de forma conjunta la Administración, Consejera Educativa, padres y profesionales del campo de la salud.
El modelo propuesto por Educación es teórico, abstracto e inútil y no satisface mas que los escuálidos sentimientos de los pseudo-profesionales de la Administración.
Debemos reflexionar que es lo que queremos y si vamos a seguir permitiendo que las envidias, falta de preparación y modelos trasnochados.
Paralicen todas los aspectos de la vida de unos niños cuyo único pecado es haber nacido con sobredotacion en España.
Por el Dr. Luis Bugarin - España

Anónimo disse...

Antes de mais gostaria de lhe dar os parabéns pelo o seu blogg e pela qualidade das informações nele contido. Eu fiquei contente de saber que alguém como eu tem o seu próprio blogg e triste por infelizmente, ainda não existir uma Mensa em Portugal. Eu até falo por experiencia própria, eu tenho agora 29 anos e vivi 16 anos no Canadá, dos 5 aos 21 anos, mas sem nunca me esquecer de Portugal, porque todos os anos cá voltava nas ferias. Dos 17 aos 21, fiz parte de Mensa Canadá, delegação de Montreal, só deixando de o ser em 1991 com 21 anos quando regressei para Portugal, por causa do trabalho do meu pai. Foi uma experiencia que adorei e nunca mais irei esquecer. Eu até já pensei varias vezes inscrever-me na Mensa internacional, mas por falta de tempo, nunca o fiz. Para terminar acho que algo devia ser feito para encontrar-mos gente suficiente para haver uma Mensa em Portugal.
Parabéns e continua com o excelente trabalho.

Anónimo disse...

What a great site » »

Anónimo disse...

À Maria e ao Ricardo: Existe, ainda que incipiente, a Mensa Portugal, ou pelo menos um grupo de membros Portugueses da Mensa Internacional, que organiza encontros regularmente. Seria óptimo ver regressar ao nosso grupo todos os antigos mensanos. Maria, durante quanto tempo foi membro da Mensa?
Até um dia destes... :)

http://www.mensa-pt.org
http://www.mensa-pt.org/forum/

Anónimo disse...

Gostei de saber da existência deste blog e, embora este post seja antigo, gostava de colocar duas questões/comentários:
a) é verdade que é necessátrio juntar mais pessoas para criar uma futura Mensa Portugal, e isso tem vindo a ser feito devagar;
b) mas fica a duvida em relação ao que a Maria Afonso comenta, sobre pertencer à Mensa-High IQ Society; está a falar da High IQ ou da Mensa, dado que são sociedades diferentes? É que nenhum membro da Mensa em Portugal a conhece, e gostariamos de saber em que condições lhe pertence, pois se for verdade gostariamos de contar consigo para o crescimento da Mensa em Portugal.